7 de dezembro de 2009

não foi

"quando começam as pontadas
fico paralisada de medo
raio x dos meus devaneios
motivos de sobra pra doer

a febre aumenta a cada emoção
as batidas aceleram ao ouvir teu sono
sei que dormes enquanto agonizo
eu te odeio na escuridão

eu sei
é impossível sofrer a dois
de nada adiantaria tua preocupação

minha hora chega lentamente
e eu não pretendo te acordar
pra não te ver branco e sem voz
a me dizer adeus

eu não durmo, aterrorizada
porque a danada vem me buscar esta noite

eu espero, lingerie e lágrima
convulsão e testa suada
cabelos molhados, encharcados, pavor

são 4:20 da madrugada escolhida
hoje ela vem, hoje eu sei que vou
mas sem despertá-lo para o pesadelo
em que estou

é hora agora
o arrepio chega mansinho, meu corpo
esparrama
e na cama
me vem a definitiva surdez...

quinze pras oito da manhã
ainda não foi dessa vez"
Martha Medeiros

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