"Pra tudo
tem uma segunda chance
você me bateu
eu te arranhei
você rasgou
minha coleção
de folhas secas
você arrancou o único botão
da minha blusa
você jogou no chão
e eu te bati
você me jogou no chão
e eu te bati
você puxou meu tapete
e eu puxei seu cabelo
você gritou comigo
e eu murmurei
com raiva
você me assustou
eu te denegri
você bebeu meu veneno
e eu escondi o antídoto
mas
se nos esbarramos
intimamente
no silêncio
de nossos sonhos
estivemos perto de mais
se dói em mim
dói em você
porque pisamos
na alcova
um do outro
porque dividimos
a mesma asa da borboleta
porque fomos
juntos e unos
muito convictos
do não
porque apontamos
para o mesmo caminho
porque dividimos
o mesmo reflexo
no rosto parado das águas
porque de áspera e ânsia
a vida
revoa
até uma
folha
e foi tudo muito sentido
para não ser real
a vontade de voltar
volta
nem que para uma segunda
vez
da primeira"
Trêmulo | Ryana Gabech
4 de setembro de 2008
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Um comentário:
aproveitar para indagar sobre esse trechinho do texto, que é uma afirmação mas para mim virou pergunta migow...
porque pisamos na alcova um do outro? (Por que Meu Deus?)
Beijo
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